DUAS FACES DA EDUCAÇÃO
Pesquisando na
internet, deparei-me com o texto abaixo que se relaciona muito com o
objetivo de meu blog. É um texto do professor José Moran, da Escola de
Comunicações e Artes (ECA – USP), que tomo a liberdade de transcrever abaixo. O
link original é: http://www.eca.usp.br/prof/moran/site/textos/educacao_inovadora/direito.pdf
. O texto faz referência a ambas as faces da educação, a educação formativa e a
educação sob a ótica administrativa financeira. Da mesma maneira que o prof.
Moran, também acredito que deva existir um equilíbrio entre ambas para que
possamos melhorar a o processo educacional brasileiro. Segue o texto do
professor Moran:
A educação atual: entre o direito e o negócio
“Há muitas
contradições e tensões na educação. As principais se devem a que em alguns
momentos focamos a educação mais como direito – educação para todos – enquanto
que, em outros, o foco é a educação como negócio – como bem econômico, serviço,
que se compra e vende, se organiza como empresa e onde se busca a maior
rentabilidade, lucro e retorno do investimento. Quando damos ênfase à dimensão
integral do ser humano, à integração entre ideias, sentimentos e valores
estamos focando a educação como necessidade e direito de todos, de formar
cidadãos críticos (educação como direito). Quando a ênfase recai sobre o
investimento, planilhas, serviço, custo, retorno financeiro, predomina a
educação como negócio em que a dimensão de direito, humanística e integral
costuma permanecer num segundo plano (educação como negócio).
Avança a
consciência da importância da educação para todos (como direito), e,
simultaneamente, avançam as oportunidades de ampliação das empresas
educacionais em grandes grupos econômicos, que buscam novas formas de gestão,
de capitalização, de mercado e de retorno financeiro (negócio).
A educação pública costuma ser identificada
como direito, como dever social, como construção de identidade pessoal e grupal
(embora também haja muita acomodação, corporativismo e desperdício de
recursos). Já a educação privada está mais associada ao bem econômico, ao
negócio, investimento financeiro (embora haja grandes instituições que procuram
destacar a dimensão social sobre a mercantil). Nem toda a educação pública
desenvolve as dimensões sociais assim como nem toda a privada só se preocupa
com o “business”. As instituições privadas confessionais carregam a contradição
de defender valores cristãos e, ao mesmo tempo, serem competitivas
gerencialmente para não perder mercado diante de outras mais voltadas para
resultados. Neste momento parece que o pêndulo se inclina mais para a gestão
eficiente do que para os valores humanos.
Os professores
costumam desenvolver uma concepção de educação mais como profissão de forte
cunho social, que contribui para a aprendizagem integral dos alunos. Estão
preocupados fundamentalmente com a dimensão social (direito). Já os
administradores e gestores, embora valorizem as dimensões pedagógicas, tendem a
preocupar-se fundamentalmente com o econômico, e seu olhar está tão orientado
por processos de gestão empresarial, que, com frequência, terminam se
sobrepondo às necessidades pedagógicas.
Do ponto de
vista das ferramentas que utilizam, os professores costumam trabalhar com
textos e apresentações, enquanto os administradores com as planilhas (“Word” x
“Excel”). A crescente entrada de administradores profissionais na educação está
contribuindo para racionalizar custos, para otimizar recursos, mas, sentimos que
há tensões que apontam para um predomínio do econômico sobre o pedagógico,
principalmente no nível superior. Ganha-se em resultados econômicos, mas a
custa da perda de direitos e conquistas sociais conseguidas nas últimas
décadas. Estamos numa fase de profundas transformações, que nos estão levando a
reorganizar todos os processos de ensino e aprendizagem, incluindo atividades a
distância, flexibilidade curricular, possibilidade de cursos on-line em
qualquer lugar e a qualquer hora. Se predominar a concepção administrativa
sobre a pedagógica, poderemos criar com tecnologias novas processos velhos
ampliados. Há uma certa apropriação das tecnologias avançadas hoje para a
multiplicação de processos conservadores, focados no conteúdo transmitido ou
disponibilizado, pela substituição do professor pelo “tutor” (mais barato) e
pelo enxugamento de custos e maximização de lucros.
Precisamos estar atentos a reequilibrar a
educação como direito e como negócio, a buscar inovações na gestão, mas com
foco na aprendizagem significativa, humanística, afetiva e com valores sólidos.
Temos que inovar, avançar, criar uma educação mais próxima do aluno de hoje e
das possibilidades de uma sociedade conectada, mantendo os valores humanos,
afetivos e éticos cada vez mais vivos e predominantes. Podem conviver a
educação como direito e como negócio, de forma equilibrada. Mas é bom estarmos
atentos como sociedade a que a racionalidade administrativa não se sobreponha à
pedagógica.
É importante que
os gestores desenvolvam mais o conhecimento e prática pedagógicos, para que
entendam a educação de forma profunda, por dentro. Ao mesmo tempo, também é
fundamental mostrar aos educadores o lado gerencial institucional e que afeta a
organização do ensino e aprendizagem. Do equilíbrio e integração verdadeira
entre educadores e gestores dependerá o sucesso das mudanças necessárias na
educação.”
O erro está quando os gestores compram plataformas prontas de educação. Considero sensato o desenvolvimento do projeto educacional personalizado destinado ao perfil do aluno. O equilibro se dá quando os EGOS dos gestores não predominem.
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